Como primeiro passo de nossas dramaturgias, tivemos o levantamento de narrativas.
A partir das narrativas começa a construção do roteiro.
Para tanto, uma análise desse material inicial já nos insere na familiaridade com nosso tema.
Na análise, é útil se concentrar nos elementos visuais e sonoros ali existentes.
E não pensar logo na verbalidade, no que vai ser dito.
Por exemplo:
O grupo transpasse selecionou três narrativas de violência doméstica
No primeiro, há umas imagens recorrentes associadas a sangue e tecido.
Coisas que se repetem ou coisas únicas, singulares chamam nossa atenção.
Então é a partir da análise, selecionando possibilidades imagéticas que podemos começar.
Assim, a análise do material prévio vai levantando referências para a dramaturgia.
Vejam o texto/depoimento
"A filha conta que quando a família mudou para casa nova (casa 181), o pai, bêbado quis beijar a mãe, ela o afastou e então ele empurrou a cabeça da mãe contra a parede. Como a parede era de tijolos, fez um buraco na cabeça da mãe (que ela levou cerca de 80 pontos). Com a cabeça machucada envolvida por uma fralda cheia de sangue, a mãe foi até os filhos e disse: “A mamãe vai bem ali mas ela já volta”, e a filha perguntou: “porque a fralda tá vermelha?”, ao que a mãe respondeu: “A mamãe pintou com tinta”."
Uma coisa importante, a partir das sugestões da Alzira, foi não reproduzir a violência por si mesma. Isso se faz , por exemplo, apagando o macho, o agente da violência. No lugar dele, mostrar os efeitos da violência.
Um recurso no teatro é o de pegar um objeto de cena e dar várias funções, transformá-lo. o pano pode ir para a cabeça, ser amarrado na cintura, virar roupa, toalha, laço, rede, etc.
O vermelhão do sangue derramado pode ser bem enfocado.
A segunda narrativa/depoimento
"Maria trabalhava como doméstica e era casada com um homem muito instável e violento com o qual ela tinha 3 filhas. O marido sempre agredia Maria verbalmente, mas ela sempre relevava, até que um dia ele a agrediu fisicamente pela 1ª vez e isso nunca mais parou.
Quando a filha mais velha completou 9 anos, a mãe notou diferenças em seu comportamento, mas isso só ficou mais evidente quando ela fez 15 anos e a mãe descobriu que o pai abusava da filha.
Ao ir “tirar satisfações” com o marido, Maria foi agredida e ameaçada, ela não reagiu por medo e dependência. O marido foi reclamar com a filha e tentou estuprá-la, mas ela bateu nele, fugiu de casa e o denunciou à polícia. Ele fugiu e passou a ser procurado. A polícia, junto com Maria armou uma emboscada e conseguiu prendê-lo.
Atualmente ele está na cadeia, mas disse que quando sair da prisão irá mata-la. A família do marido o protegeu durante a fuga e até hoje culpa Maria por ele estar preso."
Aqui o foco não é a mãe, mas a filha, inicialmente. Então mostrar o efeito do medo, a mudança de comportamento, a menina com seus brinquedos e de repente a violênicia. Outra coisa relevante é que a reviravolta se deu quando ela e a mãe se uniram.
Terceira narrativa/depoimento:
" Maria casou com Carlos muito jovem e logo ficou grávida. Seu marido sempre foi muito autoritário e a controlava em tudo. Inicialmente a humilhava verbalmente e com traições, depois iniciaram-se as agressões físicas. Inventava histórias de que ela o estava traindo para justificar as violências, até que um dia ele disparou uma espingarda contra ela – dois tiros – que a acertaram de raspão no braço e na perna.
Um dia, no ápice de uma briga, Carlos pegou uma estaca e avançou na direção de Maria, ao relembrar desse momento ela disse: “Eu vi nos olhos dele que ele ia me matar”. A morte só não ocorreu porque apareceu um vizinho que o impediu.
Maria fugiu de casa, mas teve que deixar sua filha porque Carlos não permitiu, ela apenas a visitava aos fins de semana.
Esses episódios já aconteceram a aproximadamente 7 anos, Carlos já está casado com outra mulher, tem outros filhos, mas ainda diz para a filha que tem com Maria coisas como: “Se sua mãe arrumar outra pessoa eu a mato”.
Como até hoje ele tem medo do ex-marido, ela precisou fugir para sobreviver.
Todos os relatos são de violência doméstica, entre mulher e parceiro. No caso de ssa última a ênfase seria na gravidez, na barriga, no nascimento em meio à violência e morte. A forte frase Eu vi nos olhos dele que ele ia me matar tem sua audiovisulidade bem identificável.
A partir das narrativas começa a construção do roteiro.
Para tanto, uma análise desse material inicial já nos insere na familiaridade com nosso tema.
Na análise, é útil se concentrar nos elementos visuais e sonoros ali existentes.
E não pensar logo na verbalidade, no que vai ser dito.
Por exemplo:
O grupo transpasse selecionou três narrativas de violência doméstica
No primeiro, há umas imagens recorrentes associadas a sangue e tecido.
Coisas que se repetem ou coisas únicas, singulares chamam nossa atenção.
Então é a partir da análise, selecionando possibilidades imagéticas que podemos começar.
Assim, a análise do material prévio vai levantando referências para a dramaturgia.
Vejam o texto/depoimento
"A filha conta que quando a família mudou para casa nova (casa 181), o pai, bêbado quis beijar a mãe, ela o afastou e então ele empurrou a cabeça da mãe contra a parede. Como a parede era de tijolos, fez um buraco na cabeça da mãe (que ela levou cerca de 80 pontos). Com a cabeça machucada envolvida por uma fralda cheia de sangue, a mãe foi até os filhos e disse: “A mamãe vai bem ali mas ela já volta”, e a filha perguntou: “porque a fralda tá vermelha?”, ao que a mãe respondeu: “A mamãe pintou com tinta”."
Uma coisa importante, a partir das sugestões da Alzira, foi não reproduzir a violência por si mesma. Isso se faz , por exemplo, apagando o macho, o agente da violência. No lugar dele, mostrar os efeitos da violência.
Um recurso no teatro é o de pegar um objeto de cena e dar várias funções, transformá-lo. o pano pode ir para a cabeça, ser amarrado na cintura, virar roupa, toalha, laço, rede, etc.
O vermelhão do sangue derramado pode ser bem enfocado.
A segunda narrativa/depoimento
"Maria trabalhava como doméstica e era casada com um homem muito instável e violento com o qual ela tinha 3 filhas. O marido sempre agredia Maria verbalmente, mas ela sempre relevava, até que um dia ele a agrediu fisicamente pela 1ª vez e isso nunca mais parou.
Quando a filha mais velha completou 9 anos, a mãe notou diferenças em seu comportamento, mas isso só ficou mais evidente quando ela fez 15 anos e a mãe descobriu que o pai abusava da filha.
Ao ir “tirar satisfações” com o marido, Maria foi agredida e ameaçada, ela não reagiu por medo e dependência. O marido foi reclamar com a filha e tentou estuprá-la, mas ela bateu nele, fugiu de casa e o denunciou à polícia. Ele fugiu e passou a ser procurado. A polícia, junto com Maria armou uma emboscada e conseguiu prendê-lo.
Atualmente ele está na cadeia, mas disse que quando sair da prisão irá mata-la. A família do marido o protegeu durante a fuga e até hoje culpa Maria por ele estar preso."
Aqui o foco não é a mãe, mas a filha, inicialmente. Então mostrar o efeito do medo, a mudança de comportamento, a menina com seus brinquedos e de repente a violênicia. Outra coisa relevante é que a reviravolta se deu quando ela e a mãe se uniram.
Terceira narrativa/depoimento:
" Maria casou com Carlos muito jovem e logo ficou grávida. Seu marido sempre foi muito autoritário e a controlava em tudo. Inicialmente a humilhava verbalmente e com traições, depois iniciaram-se as agressões físicas. Inventava histórias de que ela o estava traindo para justificar as violências, até que um dia ele disparou uma espingarda contra ela – dois tiros – que a acertaram de raspão no braço e na perna.
Um dia, no ápice de uma briga, Carlos pegou uma estaca e avançou na direção de Maria, ao relembrar desse momento ela disse: “Eu vi nos olhos dele que ele ia me matar”. A morte só não ocorreu porque apareceu um vizinho que o impediu.
Maria fugiu de casa, mas teve que deixar sua filha porque Carlos não permitiu, ela apenas a visitava aos fins de semana.
Esses episódios já aconteceram a aproximadamente 7 anos, Carlos já está casado com outra mulher, tem outros filhos, mas ainda diz para a filha que tem com Maria coisas como: “Se sua mãe arrumar outra pessoa eu a mato”.
Como até hoje ele tem medo do ex-marido, ela precisou fugir para sobreviver.
Todos os relatos são de violência doméstica, entre mulher e parceiro. No caso de ssa última a ênfase seria na gravidez, na barriga, no nascimento em meio à violência e morte. A forte frase Eu vi nos olhos dele que ele ia me matar tem sua audiovisulidade bem identificável.
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